Big day, big disaster.
Sábado foi um dia especial. O
maior swell do ano e para mim, surfista de escritório e de internet, o maior
mar há muito tempo. Eu estava calmo e concentrado e bem esperto em relação às
séries varredoras, por isso fiquei bem posicionado no outside. As condições de
manhã estavam pouco atraentes: neblina, frio, maré cheia. Depois abriu o sol e
ficou lindo.
Mas senti falta daquele rip de
pegar onda todo dia. Tive chance de me jogar na negativa em algumas , como
alguns locais fazem, mas achei melhor deixar passar. Noutras, remava, remava e
não entrava. Poxa, tenho que pegar uma. Não queria ficar no inside por motivos
óbvios e que, de tempo em tempo, se confirmavam com séries varredoras.
Pico Alto é uma onda difícil de
se pegar, conclui-se. Os locais dominam as séries e você fica catando as sobras
ou uma oportunidade.Se der um mole, bomba na cabeça. Horas dentro d’agua e nem uma onda. Remei para um monte e
nada.
Deu meio dia e meia e pensei “Em
maia hora, sai todo mundo.” Não deu outra.
De repente, saíram todos locais e
ficou eu e um brasileiro. Remamos para
uma onda, ele, 20 anos mais novo, foi, eu não . Fiquei sozinho no outside e pensei: “Agora eu
pego uma.” Mas Pico Alto me reservava
surpresas maiores.
Em 2 minutos , uma série
varredora, que eu não tinha visto ainda, se levantou. A primeira quebrou e a
prancha se soltou da cordinha. Estava sozinho no outside sem prancha!! Quando olhei para
trás, vinha uma ainda maior que quebrou 3 metros à minha frente. E assim foi
por 6 ondas. Pico Alto me expulsava de suas águas.
O colete flutuador me salvou,
literalmente. Com ele, fui empurrado para fora da zona de impacto e arremessado
para o final da corrente. Quando parei de ser arremessado, estava no meio da
baía e a primeira coisa que chequei foram as horas: tinha mais de 5 horas para
sair d’agua. Agora entendia porque os locais não surfam lá de tarde.Por sorte, antes de entrar dentro d'agua, um pescador havia gentilmente me explicado como sair do pico nadando: remar sempre para Playa Norte.
Nadei até a beira, procurando a
prancha e sendo vastamente ajudado pelo colete que me fazia flutuar e deslizar
na corrente e na espuma. Ao chegar na praia, Gabriel Sodré, o brasileiro que tinha pego aquela ultima onda, me emprestou sua
prancha para que eu remasse de volta ao outside para buscar a prancha.Enquanto
ele ia fazendo sinais de cima do penhasco, ia remando sem ver a prancha.Lá
fora, no meio do caminho, finalmente a vi. Ufa! O brinquedo estava salvo.
Saí d’agua com uma sensação ambígua.
Por um lado, sentia-me frustrado por não ter descido nenhuma das bombas, por
outro lado, sentia que tinha crescido como waterman e que o colete fora o
melhor investimento para essa viagem.
Eddie would go, definitely.
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