quinta-feira, 2 de maio de 2013

Por um dia, perdi a ultima session em Pico Alto.

Sinto-me como um alpinista que, pronto para o assalto final ao Everest, não teve a oportunidade de uma janela metereológica para chegar ao pico e teve que voltar pois seu tempo havia terminado.

Foi uma experiência maravilhosa descobrir que eu realmente estava preparado para um mar de 15/18 pés e que pude participar da tropa de elite de surfistas que surfam esse pico tão bonito.

Mas ficou um gostinho de decepção, na medida em que no momento em que eu estava mais preparado tecnicamente para encarar de igual para igual Pico Alto, este tenha me reservado uma amarga surpresa: começou a quebrar a partir do dia em que fui embora.

Enquanto dirigia meu carro saindo de Punta Hermosa, vi o pico bombando à medida em que a neblina começava a se dispersar. O que fazer?

Aceitar os caprichos da natureza e agradecer pelo privilégio da saude fisica e mental que me possibilitaram ir aonde fui. Angariei respeito de meus colegas peruanos que simpatizaram com minha saga de sair direto de uma piscina para o pico mais cascudo do Peru e senti uma sincera simpatia na forma como me cumprimentavam.

Fiz novos amigos, reencontrei antigos e tive o prazer de conviver com pessoas que pensam como eu, curtem as mesmas emoções que eu e que têm um estilo de vida semelhante. 

Agora, resta-me seguir o cotidiano e agradecer pelo que vivi e aos que comigo compartilharam da experiência por meio do blog.

Aloha!



segunda-feira, 29 de abril de 2013

Se voce nao estiver nessa pousada, nao pode surfar de jetski

Para minha surpresa, soube que nao poderia  fazer parceria com meus amigos do tow in pois nao estava hospedado na mesma pousada que eles. Eles até tentaram enrolar, com justificativas de que o jetski tinha dado problema, mas,depois, reconheceram que o problema era o dono da pousada.
Curiosamente, o jetski nao é do dono da pousada , mas , por relacoes pessoais , eles acataram sua posicao.
Uma pena, mas seria muito difil eu ficar na pousada  em questao. Alem de ser 5 dolares mais cara, nao tem quarto com banheiro individual e teria que compartilhar o quarto com estranhos.Para piorar, a pousada nao teria prancha picoalteira  para mim. Ou seja, menos conforto, menos privacidade e sem equipamento.
É paradoxal que alguém  tao conectado com as ondas de Pico Alto, seja  ao mesmo tempo, tao restrito na forma de pensar. Sao as contradicoes da natureza humana, a ponto de reclamar de minha presenca próximo da pousada, apesar de amigos e conhecidos estarem nela.
O visitante de hoje é o cliente de amanha.
A proposito, foi um dia divertido em Punta Rocas. Busquei alguem para surfar comigo em Pico Alto de tarde, mas nao encontrei ninguem.O fim de tarde foi bem bonito com direito a oracao de agradecimento com sol se poendo.

Obrigado Senhor.

Amanha cedo, se nao tiver neblina, rola um Pico Alto temprano.

domingo, 28 de abril de 2013

2 dias de surfe em Penascal lavam a alma.

2 dias de surfe em Penascal lavam a alma.



2 dias de surfe em Penascal fazem bem a qualquer surfista que gosta de onda power. Onda forte, rápida, mas com um drop relativamente fácil, Penascal  possibilita um surfe com a 8’4 no melhor estilo. No primeiro dia, por questao de minutos nao tive a chance de conhecer o legend Felipe Pomar e surfei  em companhia de Glenn Milani, chiquérrimo. 

Surfei de 8 a 9 pés no primeiro dia e 6 pés no segundo, sempre solidos e divertidos. Quanto tempo demorarei para ter um dia igual no Brasil?????

O tédio depois desses 2 dias é tambem inevitavel, pois o nivel de adrenalina e realizacao é tao bom que quando o mar cai, fica difícil ter motivacao para ir para a agua. Os días seguintes foram praticamente de natacao, ao inves de surfe. 

Nessa segunda, o mar bomba e esperamos fechar com chave de ouro a trip e, quem sabe, com um Pico Altito para fazer a alegría. Aloha!!!

terça-feira, 23 de abril de 2013

Descobri que a experiencia havia me estressado.



Descobri que um mar pode gerar stress pós traumático. Na quarta feira pasada, fui surfar Pico Alto de novo e descobri  que a experiencia naquele momento havia se esgotado. Dentro d’agua me dei conta de que nao havia surfado por meses e que eu precisava pegar quantidade, volume de onda.

Precisava tambem botar para fora toda a tensao que eu tinha vivenciado nesses días e que estava acumulada. 

Passaram-se diversos pensamentos na cabeca , sentí-me deslocado, nao queria estar nessa experiencia tensa, quería surfar com mais liberdade e menos consequencia. Estressei. Nao curti a caída e sai chateado do amr.Para piorar, um quebra coco na beira ainda me deu uma dura.

Demorei días para recuperar o animo, tive que conversar, botar para fora, repetir a mesma historia varias vezes até que eu me sentise leve.

Agora estou leve e revigorado. Prancha no pé, já no rip que antes nao tinha. Estou ansioso pelo novo swell, pois  já readquiri a pratica que me faltava.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Domingo de sol e Pico Alto bonito


Domingo de sol e Pico Alto

Cascudo da experiência do dia anterior, entrei no mar naturalmente confiante. Peguei um leash 15 pés que um amigo me emprestou de boa fé e fui com tudo. Sentei mais no critico do pico, comecei a buscar as ondas de forma agressiva e na primeira série em que tive que passar jogando a prancha por cima do lip, descobri que a prancha não estava presa ao meu pé e se foi!!!!

O leash estava podre e a presilha tinha se soltado do leash. Eu estava de novo, sem prancha no outside, 5 minutos após ter chegado no pico. “Esto es Pico Alto”, bradou um local para mim e disse o que eu já sabia: “nade para Playa Norte.” Agradeci a ajuda e fui. Outro passou por mim e me avisou que a prancha iria em direção à Senoritas, mas como ontem ela tinha ido em direção à Playa Norte, falei isso para ele o qual reagiu com surpresa.  Por alguns instantes, senti que estava indo para debaixo do pico e achei melhor parar a conversa e acelerar a natação.

Algum tempo depois, encontrei a prancha em direção à Playa Norte e iniciei o caminho de volta para a praia. No meio do caminho, uma ondinha maliciosa, daquelas que ficam no meio do canal, me pegou, me jogou com força e fui sacudindo em direção à praia, agarrado na prancha. Uma sacudida maior virou a prancha e perdi ela. Só faltava essa, agora corria o risco da prancha ir nas pedras. Alcancei a prancha depois de um tiro de 100 metros rasos, dignos de meus melhores dias de treino na piscina, kkkk

Troquei o leash, tomei um Gatorade, comi uma banana  e voltei para o pico, sentindo-me satisfeito por minha boa forma física. Demorou, mas, no final, peguei 2 intermediárias divertidas, que estão postadas no face. Surfar com uma prancha 10 pés é uma experiência deliciosa para os amantes desse esporte.

Em Pico Alto, você tem que guardar uma energia para sair do mar e, chegou um momento em que eu percebi que não poderia correr o risco de perder a prancha, pois não teria mais energia para busca-la.

Remei para a praia e dei o dia de surfe por concluído. What a day.

Ps: houve um momento cômico no mar, quando um brasileiro insistia em remar embaixo do pico, sem perceber, remando reto para o outside quando deveria remar em direção oeste, apontando o bico para o canal.
Eu, do local certo, gritei para que ele remasse na diagonal para que tomasse a direção certa. Ele não me deu ouvidos e, 2 minutos depois, foi varrido por uma série e quebrou a prancha ao meio. Eu avisei.....kkkkk


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Big day, big disaster - como o colete flutuador salvou.minha vida.


Big day, big disaster.

Sábado foi um dia especial. O maior swell do ano e para mim, surfista de escritório e de internet, o maior mar há muito tempo. Eu estava calmo e concentrado e bem esperto em relação às séries varredoras, por isso fiquei bem posicionado no outside. As condições de manhã estavam pouco atraentes: neblina, frio, maré cheia. Depois abriu o sol e ficou lindo.

Mas senti falta daquele rip de pegar onda todo dia. Tive chance de me jogar na negativa em algumas , como alguns locais fazem, mas achei melhor deixar passar. Noutras, remava, remava e não entrava. Poxa, tenho que pegar uma. Não queria ficar no inside por motivos óbvios e que, de tempo em tempo, se confirmavam com séries varredoras.

Pico Alto é uma onda difícil de se pegar, conclui-se. Os locais dominam as séries e você fica catando as sobras ou uma oportunidade.Se der um mole, bomba na cabeça. Horas dentro d’agua e nem uma onda. Remei para um monte e nada.

Deu meio dia e meia e pensei “Em maia hora, sai todo mundo.” Não deu outra.

De repente, saíram todos locais e ficou eu e um brasileiro. Remamos  para uma onda, ele, 20 anos mais novo,  foi,  eu não . Fiquei sozinho no outside e pensei: “Agora eu pego uma.”  Mas Pico Alto me reservava surpresas maiores.

Em 2 minutos , uma série varredora, que eu não tinha visto ainda, se levantou. A primeira quebrou e a prancha se soltou da cordinha. Estava sozinho  no outside sem prancha!! Quando olhei para trás, vinha uma ainda maior que quebrou 3 metros à minha frente. E assim foi por 6 ondas. Pico Alto me expulsava de suas águas.

O colete flutuador me salvou, literalmente. Com ele, fui empurrado para fora da zona de impacto e arremessado para o final da corrente. Quando parei de ser arremessado, estava no meio da baía e a primeira coisa que chequei foram as horas: tinha mais de 5 horas para sair d’agua. Agora entendia porque os locais não surfam lá de tarde.Por sorte, antes de entrar dentro d'agua, um pescador havia gentilmente me explicado como sair do pico nadando: remar sempre para Playa Norte. 

Nadei até a beira, procurando a prancha e sendo vastamente ajudado pelo colete que me fazia flutuar e deslizar na corrente e na espuma. Ao chegar na praia, Gabriel Sodré, o brasileiro que tinha pego aquela ultima onda, me emprestou sua prancha para que eu remasse de volta ao outside para buscar a prancha.Enquanto ele ia fazendo sinais de cima do penhasco, ia remando sem ver a prancha.Lá fora, no meio do caminho, finalmente a vi. Ufa! O brinquedo estava salvo.

Saí d’agua com uma sensação ambígua. Por um lado, sentia-me frustrado por não ter descido nenhuma das bombas, por outro lado, sentia que tinha crescido como waterman e que o colete fora o melhor investimento para essa viagem.

Eddie would go, definitely.  

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Teste do flutuador e sessão de yoga antes do big day

Após um café da manhã com minha principesa via skype, descobri que o mar tinha subido com força no meio do dia e tive que cancelar meus planos de nadar até Kontiki. A correnteza estava forte e,definitivamente, soava uma má ideia ir lá sozinho, a nado, ainda que com a prancha amarrada ao pé. Kkkkk

 A boa noticia foi ter surfado em Punta Rocas com o flutuador e ter aprovado a experiência. Confortável, ainda propiciou proteção às costelas, sensíveis após a pancada de ontem. O mar estava horrível, fui varrido várias vezes e acabei sendo cuspido do mar. O colete funcionou perfeitamente. Fiquei confiante para utiliza-lo amanhã em Pico Alto.

Final de tarde, fiz uma sessão de exercícios de respiração de yoga, algumas posturas de fortalecimento e de equilíbrio e meditei de frente para o mar que estava bem mexido e om séries varrendo Kontiki e La Isla. Uma situação muito energizante, se considerarmos o por do sol elétrico que me acompanhou o tempo todo. Sinto-me forte e ambientado para o big day amanhã.

Chegarei cedo se não houver névoa.

“Senta a pua!“ *

 * grito de guerra da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Itália, na Segunda Guerra Mundial.